OLIVEIRA, Selmane Felipe de (2011). Wahrheit. Http://profelipego.weebly.com/wahrheit.html
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Direitos Autorais Protegidos
Obra registrada na Fundação Biblioteca Nacional
Copyright 2011 / Selmane Felipe de Oliveira
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POR QUE AS PESSOAS SENTEM PENA DOS OUTROS ?
FUTILIDADE
SORTE
ESCONDIDO ?
TRANQÜILIDADE E POLÊMICAS
APPLE, MICROSOFT & GOOGLE
VIAGRA, PROZAC E COCAÍNA
BRUNA SURFISTINHA - O FILME
O SILÊNCIO DOS INOCENTES
RODOVIA, COCAÍNA E CRACK
PROFESSORA DE FRANCÊS E "WIND OF CHANGE"
SHOWS QUE NÃO ACONTECERAM
ROCK IN RIO 2011
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POR QUE AS PESSOAS SENTEM PENA DOS OUTROS ?
O psicopata possui uma tatuagem de uma dragão nas costas. A marca na boca está associada aos abusos sofridos na na infância. A identificação com o "dragão vermelho" é a fórmula encontrada por ele para tentar superar o trauma. Essa história encontra-se em "Red Dragon".
No filme, diante da reclamação de uma amiga cega - de que ela odiava quando as pessoas tinham pena dela -, ele afirma: "I have no pity". Ele não sente pena e isso, na história, não significaria que ele a mataria. Ocorre o contrário, ela a protege. Então, o que quer dizer "eu não tenho pena"? Ou melhor, por que as pessoas sentem pena dos outros?
Primeiro, focar no outro é não olhar para si. É ainda uma forma de criticar mas sem querer parecer ofensivo.
Segundo, o indivíduo, além de permanecer "bom", ainda se coloca como superior ao outro.
Terceiro, imaginar a gravidade do problema do outro (e ter pena) seria como que resolver a própria dor, ou seja, o sofrimento do outro representaria a resposta para os seus problemas, na medida em que a sua situação não seria tão grave.
Quarto, o verbo "imaginar" é o mais adequado neste tipo de situação, afinal, a pessoa imagina que o outro está mal e que ela está ótima. É uma imaginação baseada em aparências para melhorar a auto-estima !
Quinto, sentir pena não significa resolver a situação do outro.
Algumas pessoas "funcionam" mais ou menos como os cavalheiros do apocalipse: elas somente "ganham" vida quando o outro sofre. Em outras palavras, elas precisam das tragédias (dos outros) para mostrar (ou imaginar) o seu valor.
Sentir pena é humano. É impossível não se comover diante de algumas situações. A questão, porém, é usar esse sentimento como uma estratégia de fuga de si e/ou de controle do outro. Cindy Crawford, irritada com os olhares e as observações dos homens nas academias, afirmou: "I'm thinking, Hello? Have you looked in the mirror lately?" Sim, antes de sentir pena do outro, seria interessante dar uma olhada do espelho.
..................................................................................................................... outro texto:
FUTILIDADE
Gosto mais das pessoas quando elas assumem as crises. Acho razoável o marketing da "felicidade constante" que várias celebridades tentam passar, afinal, não seria em qualquer momento que os indivíduos estariam, por exemplo, dispostos a assistir o filme "Interiores". Mas perceber que o outro - sobretudo uma pessoa famosa, que é mostrada como perfeita - também possui fragilidades, é algo que coloca todos no mesmo barco (daquilo que chamam de condição humana).
Não sou e nunca fui fã da Britney Spears, mas achei fantástico quando ela raspou a cabeça e, na hora, desmontou anos de investimento numa imagem de "perfeitinha". Com a tecnologia e o "vazamento" dos "sex tapes" na internet, ficou difícil manter a imagem da estrela adolescente associada a ingenuidade. Imagino que os executivos de Walt Disney devem quebrar a cabeça com isso.
Basicamente, futilidade tem limite. Como dizem, uma hora a casa desaba... Corinne Maier afirma:
"Não existe nada em que acreditar. É inútil arriscarmos a vida em combates, sejam eles econômicos ou não. (...) Em vista de todas essas lutas perdidas, vale mais a pena abarrotar a nossa existência desses prazeres insignificantes que fazem o delírio da sociedade de consumo."
Será? Em outro momento do livro, a própria Maier questiona tal hipótese. O problema é que o consumismo disfarça, mas não resolve crise alguma. A adolescente que se viu diante do fim do namoro, busca no chocolate um alívio para a dor, posteriormente o álcool será a companhia. Contudo, chegará uma hora que essas estratégias não funcionarão mais. Então, consumir seria a resposta: nunca volte para a casa sem várias sacolas de produtos caros e marcas famosas ! Será? Álcool. Sexo. Não resolveu ?! Não consegue dormir ? Ah, ainda bem que existem medicamentos como Lexotan, Rivotril, entre outros...
Na prática, porém, algo permanece errado. O caso pode tornar-se mais grave, e além da insônia, pode atrapalhar a alimentação, o trabalho... A ajuda de profissionais não resolve se a pessoa insiste em acreditar no que não existe. A vida não é um romance, nem uma produção de Hollywood ou uma novela da Globo. Insistir na alienação só agrava o quadro do indivíduo. Mas se ele acredita que seria o sujeito de sua vida, a decisão final seria somente dele. É um risco. Não existe um único caminho. Faz parte.
..................................................................................................................... outro texto:
SORTE
O ex-ministro Delfin Neto, no programa Canal Livre, fez uma declaração interessante: "nascemos iguais, o resto é sorte e DNA." Provavelmente, mais sorte do que DNA. A sorte acontece, não obedece leis ou segue alguma lógica. Ela é resultado de fatores indefinidos.
As infinitas relações produzidas pelos indivíduos, cada um com o seu DNA, trazem resultados imprevisíveis, que podem ser bons para uns e ruins para os outros.
Algumas pessoas acreditam que a sorte seria decidida por algo sobrenatural, como por exemplo, uma intervenção divina.
O fato é que quanto mais admitimos a importância da sorte, mais diminuímos o nosso papel como sujeitos racionais e transformadores da história.
..................................................................................................................... outro texto:
ESCONDIDO ?
Você esconde atrás de quê?
da linguagem complicada e dos conceitos abstratos?
do trabalho?
da família e dos filhos?
do poder do marido?
do dinheiro da esposa?
da religião?
da violência?
do amor?
do ódio?
da razão?
das drogas?
do passado?
do futuro?
das correntes de ouro, da mansão e do carro?
da beleza da juventude?
da velhice?
da homossexualidade?
da heterossexualidade?
da (suposta) ingenuidade?
... afinal, qual é a sua máscara?
..................................................................................................................... outro texto:
TRANQÜILIDADE E POLÊMICAS
Nunca gostei de polêmicas. Houve uma civilização que defendia essa postura:
"Pelo fato de não viverem em uma civilização polêmica, porque orientaram seu espírito para outros problemas que não a defesa, o ataque, as relações de força e dominação, os minóicos, ao mesmo tempo que se abriram pelas artes e pelo comércio às outras sociedades, dobraram e redobraram seu mundo sobre si mesmo, fazendo brotar a fabulosa riqueza estética que precede e condiciona, talvez, o 'milagre grego'. Por não erguerem muralhas, os minóicos inventaram o labirinto, isto é, a complexificação cultural, a inteligência coletiva projetada sobre o espaço arquitetônico." (Pierre Lévi, A Inteligência Coletiva, p. 211)
Assim, os indivíduos de Minos enfatizavam questões relacionadas à cultura, à estética e às artes e não ao processo de dominação. De acordo com Pierre Lévi, foram a base do "milagre grego", que marcou profundamente o pensamento ocidental.
Infelizmente, os valores citados foram deixados de lado pela ideologia neoliberal e pela globalização. De fato, a mentalidade hegemônica, na atualidade, defende o oposto, ou seja, são celebrados o individualismo, o consumismo e a luta pelo poder. Neste ambiente, evitar conflitos pode não ser uma boa estratégia, pois as pessoas confundem essa atitude com fraqueza ou ingenuidade.
Isso não quer dizer que a resposta seja "ser igual a todos". Na verdade, ser ético não significa ficar passivo diante do outro, trata-se de saber valer o seu espaço. A alienação não é a resposta. Em outras palavras, diante das tentativas de dominação e de controle, a pessoa deve reagir para defender a sua individualidade. A reação não visa a conquista do espaço do outro. É uma tentativa de estabelecer um limite. Deve ser feita ainda uma auto-crítica para avaliar por que tornou-se vítima daquela agressão e, em seguida, evitar o contato com aquelas pessoas e aqueles ambientes. Seguir os princípios de vários filósofos da Grécia Antiga, representa optar pela tranqüilidade e evitar as polêmicas.
..................................................................................................................... outro texto:
APPLE, MICROSOFT & GOOGLE
Para saber sobre a minha profissão, basta ler o meu currículo. Em 2010, comecei a escrever e publicar (também) textos opinativos. Não sou crítico de cinema ou de música. Não entendo as mulheres. Não sou especialista em tecnologia. Contudo, gosto de escrever sobre esses temas.
Uma amiga, dona de uma livraria, uma vez me disse que não gostava de comprar livros da área de computação e tecnologia, pois tudo mudava rápido demais no setor e os livros ficavam desatualizados. "A República" de Platão, por exemplo, nunca perde o seu valor. Agora, quem compraria um livro que explicaria como usar o Windows 95? Ela estava certa.
Quando escrevo sobre tecnologia, não tenho a intenção de avaliar os novos produtos do mercado. Me interessa saber a utilidade de algum produto ou mesmo entender o processo que levou a sua criação. Apesar de muito recente, o PC - "personal computer" - foi inventado em 1976, gosto de analisar a história das novas tecnologias. Neste sentido, a trajetória de Steve Jobs parece ser a mais interessante. Além do mais, sou fã da Apple. Tive i-books, vários tipos de i-pods e o meu celular é um i-phone.
O meu primeiro computador foi um notebook. Nunca entendi, na verdade, porque as pessoas compravam um "desktop" - aquele computador grande, beje, com tudo separado: monitor, gabinete, teclado e mouse - se podiam ter tudo numa máquina compacta.
Nunca fui fã do Bill Gates. Para mim, ele foi mais um oportunista que soube tirar proveito de um mercado em expansão e tornar-se um dos homens mais ricos do mundo. Além do mais, a maneira que ele impunha seus produtos no mercado - como o Windows, o Office e o Explorer - era desleal demais. Lembro do que ele fez com o Nestcape. Não foi justo. Steve Jobs não é santo, muito pelo contrário. Em termos de concorrência, é parecido com Bill Gates, mas ele cria coisas novas constantemente, nunca está satisfeito. Bill Gates queria apenas garantir o seu mercado e a sua lucratividade.
Com o surgimento do Google e as mudanças do mercado de tecnologia, o "estilo Microsoft" de lidar com os clientes e os concorrentes, parece, finalmente, estar em processo de extinção.
..................................................................................................................... outro texto:
VIAGRA, PROZAC E COCAÍNA
No mundo ocidental, ser velho é ser rejeitado. Primeiro, é colocado para fora do mercado de trabalho. Depois, existe uma rejeição do ponto de vista sexual, na medida em que o capitalismo valoriza o novo. Do ponto de vista do Estado, torna-se um problema porque é visto como inativo e recebe aposentadoria. A tendência da sua saúde, com o passar do anos, é piorar.
As crises aparecem como conseqüências deste quadro: falência, desemprego, divórcio, prisão, asilo, loucura, alcoolismo e suicídio, entre outras. Não são divulgadas pesquisas sobre o uso de drogas na velhice. Talvez isso aconteça porque o usuário de droga, por causa do próprio vício, morre cedo. Outro motivo seria a postura conservadora dos velhos, que aceitam o álcool mas acreditam que a droga seria um mal, algo associado a criminalidade. Existem pessoas que continuaram a usar drogas na terceira idade, como Jerry Garcia, William Burroughs, Keith Richards e Timothy Leary. Entretanto, são exceções.
Na velhice, o indivíduo pode ter mais experiência e dinheiro. Ele utiliza esses dois mecanismos para enfrentar as crises. Como? A sua principal preocupação é disfarçar a velhice, pintando os cabelos, fazendo cirurgias plásticas e usando roupas da moda. Além disto, os desesperados apelam para a ostentação - o que os torna ainda mais ridículos -, usando várias correntes de ouro e desfilando em carrões. Com o dinheiro, podem freqüentar os melhores lugares na companhia de belas mulheres. Um exemplo recente é o escândalo envolvendo Belusconi, na Itália.
No que diz respeito à sexualidade, o viagra surgiu como um aliado. No entanto, a procura por novidades, nesta idade, pode levar a situações bizarras, como são as orgias promovidas por Hugh Hefner, dono da Playboy, que,de acordo com uma "playmate dissidente", além das mulheres, conta com vídeos pornográficos homossexuais.
Nas festas dos milionários e famosos, não faltam, claro, excesso de bebidas alcoólicas e drogas. Contudo, nem sempre os velhos dão conta da mistura de sexo, whisky, viagra, prozac e cocaína (ver sobre a morte de John Entwistle). No filme "Henry & June", o amigo de Anais diz para ela: "abnormal pleasures kill the taste for the normal ones." Entretanto, a excitação na velhice não é como na adolescência, quando tudo seria novidade. A busca pelo diferente é um risco (relações sadomasoquistas, por exemplo), somada ao uso de drogas e à idade, pode simplesmente ser fatal.
Enfim, novas tecnologias, novos medicamentos, novas experiências sexuais, novas drogas e... um velho problema: a representação da velhice no mundo ocidental só não é pior do que a da morte, que também é apresentada como algo extremamente negativo.
..................................................................................................................... outro texto:
BRUNA SURFISTINHA - O FILME
Levar para o cinema a história de "Bruna Surfistinha" sem destacar os episódios sexuais da personagem era um desafio. Acredito que Marcus Maldini conseguiu isso com o seu filme. Ele mostrou uma história que destaca as crises de uma adolescente que foge de casa e torna-se garota de programa. Enfatizou os problemas da personagem sem apelar para a pornografia. A atuação de Deborah Secco contribuiu bastante para o resultado do filme.
A história tornou-se tão envolvente que as cenas de sexo ficaram para um segundo plano. Se for levado em consideração o tema do filme, tratou-se de um trabalho excelente, sobretudo se for considerada a associação da produção cinematográfica brasileira com a exploração das cenas sensuais (desde a chamadas "pornochanchadas" da década de 1970).
Não romantizar a vida de uma garota de programa foi outro mérito do filme. O destaque ao uso das drogas, que até então era pouco enfatizado na imagem da personagem, mostrou os riscos da profissão e o lado negativo das festas e das boites - que aparecem, na mídia, somente como lugares de "glamour", de sorrisos e de gente bonita.
Certamente a trajetória de Bruna Surfistinha não foi diferente de muitas outras garotas. Em janeiro de 2006, a revista Época já havia tratado do tema. Neste ano, publiquei um artigo sobre o assunto no Caderno de Turismo, com o título de "Turismo, sexo e negócios: algumas problemáticas", no qual afirmei (p. 25):
"(...) O caso 'Bruna Surfistinha' ilustra bem esta realidade. Em suma, ela era uma garota de programa que descrevias os seus 'trabalhos' na internet, no seu 'blog'. Este material tornou-se conteúdo de um dos livros mais vendidos, chamado 'Doce Veneno do Escorpião', publicado pela editora Panda Books. 'Bruna Surfistinha' virou celebridade. Foi capa da revista Época e participou de programas de televisão. A novidade, talvez, seja, como descreveu a revista, a opção pela 'profissão mais antiga do mundo' feita por garotas de classe média, que estudam em universidade particulares, vivem em 'flats' e consomem produtos caros."
É difícil prever se o filme fará tanto sucesso como o livro. De qualquer maneira, Marcus Maldini fez uma leitura interessante sobre a vida da "Bruna Surfistinha".
..................................................................................................................... outro texto:
O SILÊNCIO DOS INOCENTES
A minha intenção não é analisar o filme "The Silence of The Lambs". O que acho interessante é que, na cerimônia do Oscar, na época, houve protestos dos homossexuais contra o filme, por causa de um personagem que matava e tirava as peles das garotas. No "making of", o ator, que fez o personagem, disse que não o pensou como um homossexual. No roteiro, aparece na fala do Dr. Lecter:
"ele não é travesti (transexual, homossexual). Ele tenta ser. Aliás, ele tenta ser várias coisas."
O interessante é perceber a leitura das pessoas sobre o filme, inclusive dos homossexuais que se sentiram ofendidos. Isso demonstra que, na sociedade, existe uma ênfase no que diz respeito à sexualidade do indivíduo. Ele "tem" que ser alguma coisa - hetero ou homossexual - e deve se encaixar num rótulo "simples". É isso e pronto.
Entretanto, o ser humano é mais complexo. Ele não é o que parece ser. Ele não é o que tenta ser. Ele não corresponde aos vários rótulos que os outros criam. Ele é um ser em construção. Isso não quer dizer "um ser em evolução". Significa apenas que ele está mudando sempre e nem ele sabe o que irá se tornar.
Aliás, a sua natureza dialética o impede de ser algo pronto. Ele nunca será resolvido. Ele sonha com a estabilidade e com a segurança, deseja a ordem na sua vida, mas tudo não passa de fantasia. Ele não tem e não terá paz.
O que o move é a contradição. Os problemas dão vida ao seu ser. Ele existe no conflito, na rachadura. Ele é "distorcido". Plásticas, silicones, terapias e Prozacs não o consertam.
Assim, querer defini-lo como um simples rótulo, como se ele fosse um produto de supermercado, é pouco, muito pouco. Fazer isso é perder o que é o outro. É correr o risco de ser enganado. Como diria Dr. Lecter no filme:
"his pathology is more savage."
Ou seja, trata-se de correr o risco de imaginar que existe "só" inocência num ser que predomina a selvageria.
..................................................................................................................... outro texto:
RODOVIA, COCAÍNA E CRACK*
* Esse texto foi escrito em 28 de março de 2011.
Os governantes brasileiros, a partir da administração Juscelino Kubistchek, definiram o transporte rodoviário como o principal meio de integração do país, mesmo considerando que a ferrovia seria a escolha mais lógica. O resultado foi a construção de rodovias interligando as cidades brasileiras. O transporte de carga é feito principalmente com os caminhões.
Os motoristas recebem pressões das companhias para cumprir prazos e, historicamente, muitos usavam "arrebites" para dirigir sem ter que parar para o descanso. Isso não era interpretado como uso de drogas, que eram associadas aos marginais.
Recentemente, veio a notícia de que os motoristas utilizam agora cocaína. O objetivo, teoricamente, seria ficar acordado e trabalhar mais. Contudo, houve o aumento do uso de crack também. De fato, já não dá mais para disfarçar ou justificar. A cocaína e o crack não são identificadas como "arrebites". São drogas mesmo e são comercializadas nos postos de gasolina em todo o país. Os frentistas assumem uma nova função. A cocaína deixou de ser consumida só por jovens em "raves" ou por políticos e executivos estressados. O crack, considerado o grande mal das cidades, passou a ser consumido por profissionais que trabalham nas rodovias brasileiras.
Acidentes e mortes eram associados a péssima condição das estradas e ao uso de bebidas alcoólicas. Parece que o problema da irresponsabilidade nas rodovias brasileiras é um pouco mais complexo. A "normalidade", associada aos motoristas e frentistas, diante da "marginalidade" dos traficantes e usuários de drogas, caiu por terra. Com a cocaína e o crack, todos foram colocados no mesmo grupo.
..................................................................................................................... outro texto:
PROFESSORA DE FRANCÊS E "WIND OF CHANGE"
Uma das minhas professoras de francês foi importante na minha vida. Sonhava com ela. Além de linda, maravilhosa... era minha professora de f.r.a.n.c.ê.s., uma língua extremamente sensual...
Numa das aulas, conversamos sobre a banda alemã, Scorpions, que canta em inglês... Ela se referia a uma música - "Wind of Change" - e eu pensava em outra - "Still Loving You". Daí, o que ela dizia sobre a letra, eu não entendia... "Wind of Change" fala basicamente das mudanças na Alemanha na época da queda do Muro de Berlin:
"The future is in the air
The feeling is eveywhere
Now with the Wind of Change...
Walk on the streets... Theses memories..."
Esse trecho em especial, me lembra as ruas de Berlin, no centro, perto do Portão de Brandesburg. Na letra fala das memórias, do passado, do "vento da mudança" e do futuro. É fantástica !
Trata-se de uma síntese de um momento histórico de um país, que, até então, tinha a sua capital dividida por um muro. O fato da letra ser em inglês demonstra, indiretamente, a derrota na Segunda Guerra Mundial e a adaptação dos alemães diante da principal potência mundial depois de 1945.
..................................................................................................................... outro texto:
SHOWS QUE NÃO ACONTECERAM
Na minha primeira viagem a Europa, tive a oportunidade de ir ao show dos Pet Shop Boys. Estava em Lisboa e cheguei a ir no ginásio. Na porta, fui informado que o show havia sido cancelado. Anos depois, vi a banda ao vivo em São Paulo.
A primeira vez que o Deep Purple veio ao Brasil, com a formação "clássica", fui ao Rio de Janeiro para ver o show. Lá, descobri o o show tinha sido adiado para a semana seguinte. Não tinha dinheiro para esperar e nunca vi o grupo ao vivo.
No caso do Prodigy foi pior. O show seria no Anhembi em São Paulo e só na hora, na porta, veio a informação que tinha sido cancelado e que o dinheiro do ingresso seria devolvido.
Em janeiro de 2006, comprei, em Frankfurt, os ingressos para o show dos Rolling Stones, que ocorreria em julho. Não deu para voltar na Alemanha naquele ano. Tive que me contentar em assistir o show da "Big Bang Tour" em Copacabana no Rio.
O Robert Plant viria ao Brasil, pela primeira vez, em 1991, no Rock in Rio II. Foi cancelado e no seu lugar veio o Billy Idol (que fez bons shows). Vi o Plant ao vivo em 1994 e mais duas vezes em 1996 (com o Jimmy Page).
Chegar no portão e descobrir que o show foi cancelado é desagradável. Contudo, não há o que fazer, exceto contar para os amigos ou escrever um texto sobre o assunto depois.
..................................................................................................................... outro texto:
ROCK IN RIO 2011*
*Esse texto foi escrito em 16 de março de 2011.
No texto "Estilos Musicais" (ver o link "liebe" nesse website), escrevi meio indignado sobre uma noite do Festival de Verão de Salvador:
"Eram, respectivamente, Jorge & Mateus, Beto, Jota Quest e Ivete Sangalo. O estilos musicais seriam: sertanejo, pagode, pop rock e axé music... numa mesma noite ?!"
Infelizmente, o Rock in Rio de 2011, que começa em 30 de setembro, seguirá a tendência, com as apresentações, na primeira noite, de Ivete Sangalo e Shakira. Entre as outras atrações, estão a "jam" de Erasmo Carlos (que não subiu ao palco no sábado, em 1985, com medo dos "metaleiros") e de Arnaldo Antunes, Marcelo D2, mais o axé com a Cláudia Leitte e ainda Elton John, Lenny Kravitz, Red Hot Chili Peppers e Metallica.
Todas as atrações internacionais anunciadas (até o momento) já se apresentaram no Brasil. Imagino que apareça algo inédito até setembro. Espero também que pelo menos uma noite corresponda ao nome do festival, com bandas que toquem e honrem o velho e bom rock n' roll.
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Obra registrada na Fundação Biblioteca Nacional
Copyright 2011 / Selmane Felipe de Oliveira
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POR QUE AS PESSOAS SENTEM PENA DOS OUTROS ?
FUTILIDADE
SORTE
ESCONDIDO ?
TRANQÜILIDADE E POLÊMICAS
APPLE, MICROSOFT & GOOGLE
VIAGRA, PROZAC E COCAÍNA
BRUNA SURFISTINHA - O FILME
O SILÊNCIO DOS INOCENTES
RODOVIA, COCAÍNA E CRACK
PROFESSORA DE FRANCÊS E "WIND OF CHANGE"
SHOWS QUE NÃO ACONTECERAM
ROCK IN RIO 2011
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POR QUE AS PESSOAS SENTEM PENA DOS OUTROS ?
O psicopata possui uma tatuagem de uma dragão nas costas. A marca na boca está associada aos abusos sofridos na na infância. A identificação com o "dragão vermelho" é a fórmula encontrada por ele para tentar superar o trauma. Essa história encontra-se em "Red Dragon".
No filme, diante da reclamação de uma amiga cega - de que ela odiava quando as pessoas tinham pena dela -, ele afirma: "I have no pity". Ele não sente pena e isso, na história, não significaria que ele a mataria. Ocorre o contrário, ela a protege. Então, o que quer dizer "eu não tenho pena"? Ou melhor, por que as pessoas sentem pena dos outros?
Primeiro, focar no outro é não olhar para si. É ainda uma forma de criticar mas sem querer parecer ofensivo.
Segundo, o indivíduo, além de permanecer "bom", ainda se coloca como superior ao outro.
Terceiro, imaginar a gravidade do problema do outro (e ter pena) seria como que resolver a própria dor, ou seja, o sofrimento do outro representaria a resposta para os seus problemas, na medida em que a sua situação não seria tão grave.
Quarto, o verbo "imaginar" é o mais adequado neste tipo de situação, afinal, a pessoa imagina que o outro está mal e que ela está ótima. É uma imaginação baseada em aparências para melhorar a auto-estima !
Quinto, sentir pena não significa resolver a situação do outro.
Algumas pessoas "funcionam" mais ou menos como os cavalheiros do apocalipse: elas somente "ganham" vida quando o outro sofre. Em outras palavras, elas precisam das tragédias (dos outros) para mostrar (ou imaginar) o seu valor.
Sentir pena é humano. É impossível não se comover diante de algumas situações. A questão, porém, é usar esse sentimento como uma estratégia de fuga de si e/ou de controle do outro. Cindy Crawford, irritada com os olhares e as observações dos homens nas academias, afirmou: "I'm thinking, Hello? Have you looked in the mirror lately?" Sim, antes de sentir pena do outro, seria interessante dar uma olhada do espelho.
..................................................................................................................... outro texto:
FUTILIDADE
Gosto mais das pessoas quando elas assumem as crises. Acho razoável o marketing da "felicidade constante" que várias celebridades tentam passar, afinal, não seria em qualquer momento que os indivíduos estariam, por exemplo, dispostos a assistir o filme "Interiores". Mas perceber que o outro - sobretudo uma pessoa famosa, que é mostrada como perfeita - também possui fragilidades, é algo que coloca todos no mesmo barco (daquilo que chamam de condição humana).
Não sou e nunca fui fã da Britney Spears, mas achei fantástico quando ela raspou a cabeça e, na hora, desmontou anos de investimento numa imagem de "perfeitinha". Com a tecnologia e o "vazamento" dos "sex tapes" na internet, ficou difícil manter a imagem da estrela adolescente associada a ingenuidade. Imagino que os executivos de Walt Disney devem quebrar a cabeça com isso.
Basicamente, futilidade tem limite. Como dizem, uma hora a casa desaba... Corinne Maier afirma:
"Não existe nada em que acreditar. É inútil arriscarmos a vida em combates, sejam eles econômicos ou não. (...) Em vista de todas essas lutas perdidas, vale mais a pena abarrotar a nossa existência desses prazeres insignificantes que fazem o delírio da sociedade de consumo."
Será? Em outro momento do livro, a própria Maier questiona tal hipótese. O problema é que o consumismo disfarça, mas não resolve crise alguma. A adolescente que se viu diante do fim do namoro, busca no chocolate um alívio para a dor, posteriormente o álcool será a companhia. Contudo, chegará uma hora que essas estratégias não funcionarão mais. Então, consumir seria a resposta: nunca volte para a casa sem várias sacolas de produtos caros e marcas famosas ! Será? Álcool. Sexo. Não resolveu ?! Não consegue dormir ? Ah, ainda bem que existem medicamentos como Lexotan, Rivotril, entre outros...
Na prática, porém, algo permanece errado. O caso pode tornar-se mais grave, e além da insônia, pode atrapalhar a alimentação, o trabalho... A ajuda de profissionais não resolve se a pessoa insiste em acreditar no que não existe. A vida não é um romance, nem uma produção de Hollywood ou uma novela da Globo. Insistir na alienação só agrava o quadro do indivíduo. Mas se ele acredita que seria o sujeito de sua vida, a decisão final seria somente dele. É um risco. Não existe um único caminho. Faz parte.
..................................................................................................................... outro texto:
SORTE
O ex-ministro Delfin Neto, no programa Canal Livre, fez uma declaração interessante: "nascemos iguais, o resto é sorte e DNA." Provavelmente, mais sorte do que DNA. A sorte acontece, não obedece leis ou segue alguma lógica. Ela é resultado de fatores indefinidos.
As infinitas relações produzidas pelos indivíduos, cada um com o seu DNA, trazem resultados imprevisíveis, que podem ser bons para uns e ruins para os outros.
Algumas pessoas acreditam que a sorte seria decidida por algo sobrenatural, como por exemplo, uma intervenção divina.
O fato é que quanto mais admitimos a importância da sorte, mais diminuímos o nosso papel como sujeitos racionais e transformadores da história.
..................................................................................................................... outro texto:
ESCONDIDO ?
Você esconde atrás de quê?
da linguagem complicada e dos conceitos abstratos?
do trabalho?
da família e dos filhos?
do poder do marido?
do dinheiro da esposa?
da religião?
da violência?
do amor?
do ódio?
da razão?
das drogas?
do passado?
do futuro?
das correntes de ouro, da mansão e do carro?
da beleza da juventude?
da velhice?
da homossexualidade?
da heterossexualidade?
da (suposta) ingenuidade?
... afinal, qual é a sua máscara?
..................................................................................................................... outro texto:
TRANQÜILIDADE E POLÊMICAS
Nunca gostei de polêmicas. Houve uma civilização que defendia essa postura:
"Pelo fato de não viverem em uma civilização polêmica, porque orientaram seu espírito para outros problemas que não a defesa, o ataque, as relações de força e dominação, os minóicos, ao mesmo tempo que se abriram pelas artes e pelo comércio às outras sociedades, dobraram e redobraram seu mundo sobre si mesmo, fazendo brotar a fabulosa riqueza estética que precede e condiciona, talvez, o 'milagre grego'. Por não erguerem muralhas, os minóicos inventaram o labirinto, isto é, a complexificação cultural, a inteligência coletiva projetada sobre o espaço arquitetônico." (Pierre Lévi, A Inteligência Coletiva, p. 211)
Assim, os indivíduos de Minos enfatizavam questões relacionadas à cultura, à estética e às artes e não ao processo de dominação. De acordo com Pierre Lévi, foram a base do "milagre grego", que marcou profundamente o pensamento ocidental.
Infelizmente, os valores citados foram deixados de lado pela ideologia neoliberal e pela globalização. De fato, a mentalidade hegemônica, na atualidade, defende o oposto, ou seja, são celebrados o individualismo, o consumismo e a luta pelo poder. Neste ambiente, evitar conflitos pode não ser uma boa estratégia, pois as pessoas confundem essa atitude com fraqueza ou ingenuidade.
Isso não quer dizer que a resposta seja "ser igual a todos". Na verdade, ser ético não significa ficar passivo diante do outro, trata-se de saber valer o seu espaço. A alienação não é a resposta. Em outras palavras, diante das tentativas de dominação e de controle, a pessoa deve reagir para defender a sua individualidade. A reação não visa a conquista do espaço do outro. É uma tentativa de estabelecer um limite. Deve ser feita ainda uma auto-crítica para avaliar por que tornou-se vítima daquela agressão e, em seguida, evitar o contato com aquelas pessoas e aqueles ambientes. Seguir os princípios de vários filósofos da Grécia Antiga, representa optar pela tranqüilidade e evitar as polêmicas.
..................................................................................................................... outro texto:
APPLE, MICROSOFT & GOOGLE
Para saber sobre a minha profissão, basta ler o meu currículo. Em 2010, comecei a escrever e publicar (também) textos opinativos. Não sou crítico de cinema ou de música. Não entendo as mulheres. Não sou especialista em tecnologia. Contudo, gosto de escrever sobre esses temas.
Uma amiga, dona de uma livraria, uma vez me disse que não gostava de comprar livros da área de computação e tecnologia, pois tudo mudava rápido demais no setor e os livros ficavam desatualizados. "A República" de Platão, por exemplo, nunca perde o seu valor. Agora, quem compraria um livro que explicaria como usar o Windows 95? Ela estava certa.
Quando escrevo sobre tecnologia, não tenho a intenção de avaliar os novos produtos do mercado. Me interessa saber a utilidade de algum produto ou mesmo entender o processo que levou a sua criação. Apesar de muito recente, o PC - "personal computer" - foi inventado em 1976, gosto de analisar a história das novas tecnologias. Neste sentido, a trajetória de Steve Jobs parece ser a mais interessante. Além do mais, sou fã da Apple. Tive i-books, vários tipos de i-pods e o meu celular é um i-phone.
O meu primeiro computador foi um notebook. Nunca entendi, na verdade, porque as pessoas compravam um "desktop" - aquele computador grande, beje, com tudo separado: monitor, gabinete, teclado e mouse - se podiam ter tudo numa máquina compacta.
Nunca fui fã do Bill Gates. Para mim, ele foi mais um oportunista que soube tirar proveito de um mercado em expansão e tornar-se um dos homens mais ricos do mundo. Além do mais, a maneira que ele impunha seus produtos no mercado - como o Windows, o Office e o Explorer - era desleal demais. Lembro do que ele fez com o Nestcape. Não foi justo. Steve Jobs não é santo, muito pelo contrário. Em termos de concorrência, é parecido com Bill Gates, mas ele cria coisas novas constantemente, nunca está satisfeito. Bill Gates queria apenas garantir o seu mercado e a sua lucratividade.
Com o surgimento do Google e as mudanças do mercado de tecnologia, o "estilo Microsoft" de lidar com os clientes e os concorrentes, parece, finalmente, estar em processo de extinção.
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VIAGRA, PROZAC E COCAÍNA
No mundo ocidental, ser velho é ser rejeitado. Primeiro, é colocado para fora do mercado de trabalho. Depois, existe uma rejeição do ponto de vista sexual, na medida em que o capitalismo valoriza o novo. Do ponto de vista do Estado, torna-se um problema porque é visto como inativo e recebe aposentadoria. A tendência da sua saúde, com o passar do anos, é piorar.
As crises aparecem como conseqüências deste quadro: falência, desemprego, divórcio, prisão, asilo, loucura, alcoolismo e suicídio, entre outras. Não são divulgadas pesquisas sobre o uso de drogas na velhice. Talvez isso aconteça porque o usuário de droga, por causa do próprio vício, morre cedo. Outro motivo seria a postura conservadora dos velhos, que aceitam o álcool mas acreditam que a droga seria um mal, algo associado a criminalidade. Existem pessoas que continuaram a usar drogas na terceira idade, como Jerry Garcia, William Burroughs, Keith Richards e Timothy Leary. Entretanto, são exceções.
Na velhice, o indivíduo pode ter mais experiência e dinheiro. Ele utiliza esses dois mecanismos para enfrentar as crises. Como? A sua principal preocupação é disfarçar a velhice, pintando os cabelos, fazendo cirurgias plásticas e usando roupas da moda. Além disto, os desesperados apelam para a ostentação - o que os torna ainda mais ridículos -, usando várias correntes de ouro e desfilando em carrões. Com o dinheiro, podem freqüentar os melhores lugares na companhia de belas mulheres. Um exemplo recente é o escândalo envolvendo Belusconi, na Itália.
No que diz respeito à sexualidade, o viagra surgiu como um aliado. No entanto, a procura por novidades, nesta idade, pode levar a situações bizarras, como são as orgias promovidas por Hugh Hefner, dono da Playboy, que,de acordo com uma "playmate dissidente", além das mulheres, conta com vídeos pornográficos homossexuais.
Nas festas dos milionários e famosos, não faltam, claro, excesso de bebidas alcoólicas e drogas. Contudo, nem sempre os velhos dão conta da mistura de sexo, whisky, viagra, prozac e cocaína (ver sobre a morte de John Entwistle). No filme "Henry & June", o amigo de Anais diz para ela: "abnormal pleasures kill the taste for the normal ones." Entretanto, a excitação na velhice não é como na adolescência, quando tudo seria novidade. A busca pelo diferente é um risco (relações sadomasoquistas, por exemplo), somada ao uso de drogas e à idade, pode simplesmente ser fatal.
Enfim, novas tecnologias, novos medicamentos, novas experiências sexuais, novas drogas e... um velho problema: a representação da velhice no mundo ocidental só não é pior do que a da morte, que também é apresentada como algo extremamente negativo.
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BRUNA SURFISTINHA - O FILME
Levar para o cinema a história de "Bruna Surfistinha" sem destacar os episódios sexuais da personagem era um desafio. Acredito que Marcus Maldini conseguiu isso com o seu filme. Ele mostrou uma história que destaca as crises de uma adolescente que foge de casa e torna-se garota de programa. Enfatizou os problemas da personagem sem apelar para a pornografia. A atuação de Deborah Secco contribuiu bastante para o resultado do filme.
A história tornou-se tão envolvente que as cenas de sexo ficaram para um segundo plano. Se for levado em consideração o tema do filme, tratou-se de um trabalho excelente, sobretudo se for considerada a associação da produção cinematográfica brasileira com a exploração das cenas sensuais (desde a chamadas "pornochanchadas" da década de 1970).
Não romantizar a vida de uma garota de programa foi outro mérito do filme. O destaque ao uso das drogas, que até então era pouco enfatizado na imagem da personagem, mostrou os riscos da profissão e o lado negativo das festas e das boites - que aparecem, na mídia, somente como lugares de "glamour", de sorrisos e de gente bonita.
Certamente a trajetória de Bruna Surfistinha não foi diferente de muitas outras garotas. Em janeiro de 2006, a revista Época já havia tratado do tema. Neste ano, publiquei um artigo sobre o assunto no Caderno de Turismo, com o título de "Turismo, sexo e negócios: algumas problemáticas", no qual afirmei (p. 25):
"(...) O caso 'Bruna Surfistinha' ilustra bem esta realidade. Em suma, ela era uma garota de programa que descrevias os seus 'trabalhos' na internet, no seu 'blog'. Este material tornou-se conteúdo de um dos livros mais vendidos, chamado 'Doce Veneno do Escorpião', publicado pela editora Panda Books. 'Bruna Surfistinha' virou celebridade. Foi capa da revista Época e participou de programas de televisão. A novidade, talvez, seja, como descreveu a revista, a opção pela 'profissão mais antiga do mundo' feita por garotas de classe média, que estudam em universidade particulares, vivem em 'flats' e consomem produtos caros."
É difícil prever se o filme fará tanto sucesso como o livro. De qualquer maneira, Marcus Maldini fez uma leitura interessante sobre a vida da "Bruna Surfistinha".
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O SILÊNCIO DOS INOCENTES
A minha intenção não é analisar o filme "The Silence of The Lambs". O que acho interessante é que, na cerimônia do Oscar, na época, houve protestos dos homossexuais contra o filme, por causa de um personagem que matava e tirava as peles das garotas. No "making of", o ator, que fez o personagem, disse que não o pensou como um homossexual. No roteiro, aparece na fala do Dr. Lecter:
"ele não é travesti (transexual, homossexual). Ele tenta ser. Aliás, ele tenta ser várias coisas."
O interessante é perceber a leitura das pessoas sobre o filme, inclusive dos homossexuais que se sentiram ofendidos. Isso demonstra que, na sociedade, existe uma ênfase no que diz respeito à sexualidade do indivíduo. Ele "tem" que ser alguma coisa - hetero ou homossexual - e deve se encaixar num rótulo "simples". É isso e pronto.
Entretanto, o ser humano é mais complexo. Ele não é o que parece ser. Ele não é o que tenta ser. Ele não corresponde aos vários rótulos que os outros criam. Ele é um ser em construção. Isso não quer dizer "um ser em evolução". Significa apenas que ele está mudando sempre e nem ele sabe o que irá se tornar.
Aliás, a sua natureza dialética o impede de ser algo pronto. Ele nunca será resolvido. Ele sonha com a estabilidade e com a segurança, deseja a ordem na sua vida, mas tudo não passa de fantasia. Ele não tem e não terá paz.
O que o move é a contradição. Os problemas dão vida ao seu ser. Ele existe no conflito, na rachadura. Ele é "distorcido". Plásticas, silicones, terapias e Prozacs não o consertam.
Assim, querer defini-lo como um simples rótulo, como se ele fosse um produto de supermercado, é pouco, muito pouco. Fazer isso é perder o que é o outro. É correr o risco de ser enganado. Como diria Dr. Lecter no filme:
"his pathology is more savage."
Ou seja, trata-se de correr o risco de imaginar que existe "só" inocência num ser que predomina a selvageria.
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RODOVIA, COCAÍNA E CRACK*
* Esse texto foi escrito em 28 de março de 2011.
Os governantes brasileiros, a partir da administração Juscelino Kubistchek, definiram o transporte rodoviário como o principal meio de integração do país, mesmo considerando que a ferrovia seria a escolha mais lógica. O resultado foi a construção de rodovias interligando as cidades brasileiras. O transporte de carga é feito principalmente com os caminhões.
Os motoristas recebem pressões das companhias para cumprir prazos e, historicamente, muitos usavam "arrebites" para dirigir sem ter que parar para o descanso. Isso não era interpretado como uso de drogas, que eram associadas aos marginais.
Recentemente, veio a notícia de que os motoristas utilizam agora cocaína. O objetivo, teoricamente, seria ficar acordado e trabalhar mais. Contudo, houve o aumento do uso de crack também. De fato, já não dá mais para disfarçar ou justificar. A cocaína e o crack não são identificadas como "arrebites". São drogas mesmo e são comercializadas nos postos de gasolina em todo o país. Os frentistas assumem uma nova função. A cocaína deixou de ser consumida só por jovens em "raves" ou por políticos e executivos estressados. O crack, considerado o grande mal das cidades, passou a ser consumido por profissionais que trabalham nas rodovias brasileiras.
Acidentes e mortes eram associados a péssima condição das estradas e ao uso de bebidas alcoólicas. Parece que o problema da irresponsabilidade nas rodovias brasileiras é um pouco mais complexo. A "normalidade", associada aos motoristas e frentistas, diante da "marginalidade" dos traficantes e usuários de drogas, caiu por terra. Com a cocaína e o crack, todos foram colocados no mesmo grupo.
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PROFESSORA DE FRANCÊS E "WIND OF CHANGE"
Uma das minhas professoras de francês foi importante na minha vida. Sonhava com ela. Além de linda, maravilhosa... era minha professora de f.r.a.n.c.ê.s., uma língua extremamente sensual...
Numa das aulas, conversamos sobre a banda alemã, Scorpions, que canta em inglês... Ela se referia a uma música - "Wind of Change" - e eu pensava em outra - "Still Loving You". Daí, o que ela dizia sobre a letra, eu não entendia... "Wind of Change" fala basicamente das mudanças na Alemanha na época da queda do Muro de Berlin:
"The future is in the air
The feeling is eveywhere
Now with the Wind of Change...
Walk on the streets... Theses memories..."
Esse trecho em especial, me lembra as ruas de Berlin, no centro, perto do Portão de Brandesburg. Na letra fala das memórias, do passado, do "vento da mudança" e do futuro. É fantástica !
Trata-se de uma síntese de um momento histórico de um país, que, até então, tinha a sua capital dividida por um muro. O fato da letra ser em inglês demonstra, indiretamente, a derrota na Segunda Guerra Mundial e a adaptação dos alemães diante da principal potência mundial depois de 1945.
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SHOWS QUE NÃO ACONTECERAM
Na minha primeira viagem a Europa, tive a oportunidade de ir ao show dos Pet Shop Boys. Estava em Lisboa e cheguei a ir no ginásio. Na porta, fui informado que o show havia sido cancelado. Anos depois, vi a banda ao vivo em São Paulo.
A primeira vez que o Deep Purple veio ao Brasil, com a formação "clássica", fui ao Rio de Janeiro para ver o show. Lá, descobri o o show tinha sido adiado para a semana seguinte. Não tinha dinheiro para esperar e nunca vi o grupo ao vivo.
No caso do Prodigy foi pior. O show seria no Anhembi em São Paulo e só na hora, na porta, veio a informação que tinha sido cancelado e que o dinheiro do ingresso seria devolvido.
Em janeiro de 2006, comprei, em Frankfurt, os ingressos para o show dos Rolling Stones, que ocorreria em julho. Não deu para voltar na Alemanha naquele ano. Tive que me contentar em assistir o show da "Big Bang Tour" em Copacabana no Rio.
O Robert Plant viria ao Brasil, pela primeira vez, em 1991, no Rock in Rio II. Foi cancelado e no seu lugar veio o Billy Idol (que fez bons shows). Vi o Plant ao vivo em 1994 e mais duas vezes em 1996 (com o Jimmy Page).
Chegar no portão e descobrir que o show foi cancelado é desagradável. Contudo, não há o que fazer, exceto contar para os amigos ou escrever um texto sobre o assunto depois.
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ROCK IN RIO 2011*
*Esse texto foi escrito em 16 de março de 2011.
No texto "Estilos Musicais" (ver o link "liebe" nesse website), escrevi meio indignado sobre uma noite do Festival de Verão de Salvador:
"Eram, respectivamente, Jorge & Mateus, Beto, Jota Quest e Ivete Sangalo. O estilos musicais seriam: sertanejo, pagode, pop rock e axé music... numa mesma noite ?!"
Infelizmente, o Rock in Rio de 2011, que começa em 30 de setembro, seguirá a tendência, com as apresentações, na primeira noite, de Ivete Sangalo e Shakira. Entre as outras atrações, estão a "jam" de Erasmo Carlos (que não subiu ao palco no sábado, em 1985, com medo dos "metaleiros") e de Arnaldo Antunes, Marcelo D2, mais o axé com a Cláudia Leitte e ainda Elton John, Lenny Kravitz, Red Hot Chili Peppers e Metallica.
Todas as atrações internacionais anunciadas (até o momento) já se apresentaram no Brasil. Imagino que apareça algo inédito até setembro. Espero também que pelo menos uma noite corresponda ao nome do festival, com bandas que toquem e honrem o velho e bom rock n' roll.
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